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Você me destruiu, mas ainda tenho esperança.


    Um belo dia, uma menina que pintava as nuvens de azul e desenhava um coração com duas metades perfeitas achando que aquilo era amor, viu seu pai cair no chão.
      Um belo dia uma menina que pintava nuvens de azul, acreditava em amor como sinônimo de coração viu seu pai cair uma segunda vez e foi ainda mais dolorido do que da primeira.
      Não para ele.
      Um belo dia uma menina que pintava as nuvens de azul e acreditava muito no amor pediu que ele parasse de fazer aquilo, com lágrimas que pediam piedade e compreensão em seus olhos assustados, ele também chorou e prometeu que pararia.
       A partir daí, ela também começou a acreditar em promessas.
      Um belo dia uma menina que pintava as nuvens de azul, acreditava no amor em formato de um coração de duas metades e em promessas viu seu pai fazer aquilo de novo e dessa vez a coluna dele se chocou mais forte contra o chão.
     Ela chorou. De novo.
    Um belo dia, uma menina que pintava as nuvens de azul, acreditava no amor e nas promessas pediu que ele não fizesse mais aquilo, pois já estava doendo no seu coração, ele, de novo chorando, fez outra promessa. Falou que pararia.
     Coitada, ela acreditou.
    Um belo diz, uma menina que pintava nuvens de azul, acreditava em promessas e amor e agora em perdão viu seu pai não só cair, mas passar mal a ponto de ser levado para o hospital. As sirenes da ambulância lhe perseguiram por todos os lugares, seu choro lhe perseguiu e foi então que ela descobriu que ele não cumpriu.
      A partir daí, todas as promessas que lhe fizeram pareceram falsas.
     Um belo dia, uma menina que já não pintava as nuvens de azul e sim de cinza, que não acreditava mais em promessas ou em um coração com duas metades como sinônimo de amor, viu seu pai voltar para casa e tentar lhe fazer outra promessa, ela ainda acreditava no perdão e o ouviu e o perdoou, por ter coragem o suficiente de usar a única coisa que lhe restava de bom.
    Mesmo que sua alma já tivesse se partido há muito tempo.
    Um belo dia, uma menina que já não pintava as nuvens de azul, mas acreditava no perdão, foi trocada por uma garrafa de líquido amargo e então ela agora também acreditava que não tinha valor.
    A partir daí, perdão ficou para gente fraca.
     Um belo dia, uma menina que já não pintava as nuvens de azul, que não acreditava no perdão e que tinha sido trocada por uma garrafa ouviu de novo as sirenes na porta da sua casa, para o mesmo paciente, para o mesmo estado de saúde, pela mesma garrafa.
    A partir daí, ela já não ligava.
     Um belo dia, uma menina que já não pintava as nuvens de azul, que se sentiu trocada, que não acreditava mais em perdão ou em promessas quebradas desejou que seu pai fosse embora e a abandonasse, mas isso jamais passou pela cabeça dele.
    A partir daí, ela queria outras soluções.
     Um belo dia, uma menina trocada, sem valor, sem crença em promessas e perdão e que sabia que as nuvens, na verdade, nunca foram azuis, esvaziou todas as garrafas da sua casa, transformando elas em jarros para as flores, achou que tudo acabaria ali.
     Mas ela não sabia, nada o pararia.
    Um belo dia, uma menina totalmente devastada que secou as garrafas da sua casa para colocar flores, que não acreditava em perdão, que não acreditava em promessas, que foi trocada por garrafas deu mais uma chance. Pois ele dizia que não conseguia controlar.
     Talvez ela ainda acreditasse no perdão.
     Mas ele nunca soube valorizar
    Um belo dia, uma menina que já não pintava as nuvens de azul, que não acreditava no amor em desenho, que não acreditava em promessas, que tinha sido trocada, esvaziado as garrafas da casa e transformado em jarros, que tinha dado mais uma vez o perdão viu seu pai cair novamente e agora com tanta gente.
     Ele deveria ter deixado ela bem ali.
     Mas ele sempre acabava voltando.
     Fazer ela sofrer sempre pareceu divertido.
    Um belo dia, uma menina que já não pintava as nuvens de azul, que não acreditava no amor em desenho, em promessas e tinha tido seu ultimo perdão partido ao meio, que tinha sido trocada, que tinha esvaziado as garrafas, que tinha feito jarro para as flores que ela nem tinha, que tinha visto o mundo desabar tantas vezes diante dos seus olhos decidiu que não havia mais nada a ser feito.
     A única coisa que ela viu nisso tudo foi que embora coisas assim acontecessem o tempo todo, nunca ela deixou de escrever sobre como o dia estava belo e a forma mais inocente que ela observava isso.
     Ele pode ter te quebrado, mas pelo dia continuar sendo belo, você ainda tem esperanças.

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