- Eu senti tanto a sua falta. Eu simplesmente não consigo entender um mundo em que você não está, em que vocês não estão. - Olho para eles, os dois, ali, sentados, felizes, como sempre foram e como deveriam ser por mais um tempo.
- Por que você está chorando? - ela me pergunta como se não fosse óbvio.
- Porque eu não quero te soltar, eu não quero te deixar ir e eu sei que quando eu virar você não vai mais estar aqui. Eu não quero...não quero te deixar ir.
- As coisas tem funcionado sem a gente, Larissa.
- Não, não tem não. As coisas tem se remendado, mas não tem funcionado, nem poderia.
Ela olha para todos brincando, rindo, conversando, comendo e ela nunca pareceu tão em paz, isso me dar raiva, porque eu não imaginaria um mundo tão feliz quando o que passava nos olhos dela, eu nem quero.
- Eu li que em 3 meses, as células da pele se renovam e acabamos esquecendo o toque de alguma pessoa. - Eu falo para ela, ela rir como se já esperasse eu soltar alguma curiosidade científica. - É sério. Eu não quero acreditar que eu esqueci o toque de vocês, mas eu também não consigo me lembrar bem o bastante.
Aperto a mão dela, mesmo quando eu sei que não é a mão dela, mesmo quando eu sei que em segundos, tudo pode ser ar e nada.
- Você consegue sentir?
- Consigo, mas não é real.
- Quem disse que não? Enquanto você guardar o que realmente importa, você não precisa depender da renovação das suas células para lembrar. Esqueça suas células, elas esquecem alguém em 3 meses, grande coisa. E quantos meses eu estou no seu coração, meu amor?
- Você está em meu coração desde que eu nasci, sabe disso.
- Sei, e você está no meu e eu nunca precisei colocar lembretes para amar você. Então, pare de quere botar lembretes para não me esquecer, você não vai.
- Tem certeza?
- Como eu tenho certeza de que estou bem. - aperta a minha mão, rir de novo, me faz olhar para meu pai. - A gente tá bem.
e então acaba, como num passe de mágica e eu rezo para que isso aconteça de novo e que minhas células não sejam estúpidas o suficiente para esquecer toques como o dos deles, de vez em quando dou sorte e isso acontece a noite toda e outras vezes eu só posso contar com o que ficou na minha cabeça.
