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I saw you with her

 


Hoje eu vi um estranho, um estranho qualquer, eu sabia o sabor favorito de pizza dele, eu sabia que ele odiava trovão, eu sabia que ele tinha exatos 1 metro e 75 de altura, que ele já tinha tido uns relacionamentos ruins, que seu irmão era mais parecido comigo do que eu jamais poderia encontrar. Eu conhecia esse estranho, eu sabia das músicas favoritas dele, porque ele fez uma pasta delas para me apresentar, eu sabia do que ele gostava de beber, eu sabia que ele usava óculos às vezes, eu costumava conhecê-lo , eu costumava falar com ele, mas era tudo o que ele era agora: um estranho.

Hoje eu vi um estranho, um estranho que fez as borboletas do meu estômago morrerem, porque ele estava com ela, ele abraçava ela e ele amava ela. Hoje eu vi um estranho e reconheci a roupa que ele usava, porque ele me mostrou quando comprou ela, e eu lembro de ter achado maravilhoso, parecia que todas as costureiras do mundo deveriam se sentir no mínimo honradas porque uma peça vestia seu corpo.Hoje eu vi um estranho e isso era tudo o que ele deveria ser para mim, um estranho, mas eu gostava do estranho, de um jeito que eu jamais gostei de alguém, e isso era tudo o que ele era meu: estranho, e assim ele continuará até, além de estranho, se tornar uma memória, uma memória daquelas que a gente esquece que já teve, que pensa ser surto de meia idade, porque era tudo o que ele era, um estranho e assim ele será até não se tornar mais nada.

E o que acontecerá então quando nós nos tornamos nada? O que o amor vira quando chega ao fim? O que os estranhos fazem quando estranhos são tudo o que eles são? Quem irá nos salvar? Ou melhor, quem irá salvar eu de você, do jeito que você já se salvou de mim? 

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