Quando olhei
meus pés cansados perguntei se aquilo valia a pena, claro que não, era melhor
ter ficado no conforto da minha casa, em frente a tela do meu computador, era
melhor ter ido dormir cedo, era melhor não ter feito nada como eu fazia todo
dia, era melhor ser reclamar como eu fazia todos os dias, mas naquele dia eu
sai, eu me juntei a pessoas engraçadas, idiotas e completamente malucas.
Eu nem mesmo
gostava do suor, não era frescura, apenas estava muito acostumada em uma bolha
própria, mas naquele dia suor não me incomodou, os gritos, as luzes e toda a
multidão unida, deve ser essa a sensação de saber o que é estar vivo e apreciar
isso, é você sair em uma aventura que não estava na sua agenda, é você ver as
pessoas que antes você só falava virtualmente, é você parar de reclamar por um
segundo e simplesmente viver, é você fazer coisas que as pessoas se
surpreendam, é você não ser você.
Tem uma certa
frase que diz: “moça, o mundo ta passando lá fora e você estar em frente a tela
do computador desperdiçando uma vida inteira”, não sei de quem é, não sei se é
essas mesmas palavras, mas o quanto reclamamos no Twitter, Facebook e outras
redes sociais da vida ser sem graça, ser tão chata e sem emoção? Por que não
damos a ela emoção, até endento que não é tão simples como um presente de
aniversário, mas poderia ser se pelo menos um vez fizéssemos, se todo dia fosse
uma festa, seu aniversário ou algo que te deixe feliz, no meu caso, o natal.
Eu gosto da
alegria, mas também gosto da calmaria, isso não quer dizer que eu tenha que ser
elétrica ou sozinha, isso quer dizer que posso ser os dois, é como gostar de
pop mas também de sertanejo, de gato e cachorro, somos tantos em um só, naquele
dia o meu eu mais alegre e intenso veio, é... O mundo ta mesmo passando lá
fora, a gente tá aqui reclamando, a gente ta aqui perguntando porque as coisas
boas da via não vem para a gente, estamos aqui simplesmente não fazendo nada.
Mas vai chegar
um dia que tudo vai ter passado rápido demais e o que vai restar é a dúvida do
que foi feito, então faça agora antes que isso te deixe paranoico, olhe as
pessoas, se apaixone por elas, aquelas paixões de minutos, de segundos, aquelas
que são engraçadas e especiais, aquelas que se o destino quiser volta, aquela
que você comenta com os amigos, que você tira uma foto escondido, sorria,
sorria principalmente, sorria sem motivo, sorria para todo mundo, pode ser
nosso primeiro ano juntos, mas pode também ser o último, não reclame, as
histórias mais importantes da sua vida vai ser daqueles momentos que você não
estava apreciando e isso tira a beleza dela, pule, pule até estremecer tudo
porque sua alma pede isso, ela pede libertação, beije se quiser, seja
adolescente se quiser, seja adulto se quiser, e faça todas as coisas que você
nunca imaginou fazer porque de uma forma estranha e assustadora isso se chama
felicidade e é raro.
E daí se
lembre que os pés cansados passam, a dor fica pouco tempo e logo se vai, as emoções duram uma
eternidade, acompanha de risos e uma típica frase como “você se lembra daquele
dia?” é como diria Clarice Lispector: “A vida é curta, mas as emoções que
podemos deixar duram uma eternidade.” E de uma forma estranha, as emoções que
quero deixar são intensas, são duradouras e se eu der sorte vai ser repassada
para alguém que estar vivo e aprecia o significado, então se tivesse que deixar
um único conselho para o mundo... Eu com certeza diria coisas que todo mundo tá
pensando: “Nunca diga eu te amo cedo demais”, “nunca confie em ninguém.” “nunca
fale com estranhos.” “Seja você mesmo.”... Na verdade, sei que tudo isso é
importante, mas eu não diria, porque essas coisas se aprendem vivendo e não
posso ensinar um jeito menos doloroso de passar por certas fases, então meu
conselho para o mundo simplesmente seria: “Seja presente”, seja presente em
todos os momentos, porque vai ter momento para tudo, e o mais importante é que
você esteja ali, agora e que aproveite isso, que demonstre sua alegria e
satisfação, porque de alguma forma tem pessoas que se importam que você estar
ali, e não duram para sempre. Martha Medeiros disse: “É melhor uma ausência
honesta do que uma presença desaforada.” Então se não quiser, fique em casa,
mas lembre-se que esse é o legado mais importante para quem aprecia estar vivo.