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As luzes da minha festa.


     Quando eu era pequena a coisa que eu mais odiava era sonhar com uma festa onde estava todas as pessoas que eu gostava, admirava e ate odiava, isso incluía família, amigos e ídolos, e então eu não estava lá, mas eu estava a caminho e eu sempre ia tão animada, porque pareceria um lugar que todos me conheceriam, que eu podia ser eu de verdade, e quando eu chegava lá a festa tinha acabado e não tinha mais ninguém. Não entendo muito sobre decifrar sonhos, mas eu chutaria que reflete meu medo. Medo de não ver mais as pessoas que amo, mesmo que estivesse no caminho para encontrá-las, de ser abandonada, de não ser amada o suficiente para uma única pessoa esperar por mim.
      Quando você começa a crescer parece que o que mais quer te derrubar é o universo e ele não mede esforços para isso, faz tudo girar tão depressa que parece que a vida foi feita para derrubar a gente, a questão é que sinto falta de 2008, do natal de 2006, do são joão de 2014, mas não posso ter nada disso de volta, do mesmo jeito que não posso trazer a festa do meu sonho para o início e correr mais para chegar a tempo, são momentos e momentos não são feitos para durar, são feitos para nos construir e depois desmoronar em uma coisa chamada saudade.
      Eu sinto saudade de muitas coisas e gostaria de reviver a maioria delas agora mesmo, mas ainda não há uma máquina do tempo, só a fotográfica que tenta fazer quase isso. Sinto falta de me apaixonar de forma boba por meninos quaisquer e ficar toda interessada em tudo o que eles fazem, sinto falta de amar piscina e maior cor de rosa, mas isso não quer dizer que sou menos eu, posso estar mudando um pouco, mas ainda odeio as mesmas coisas, mesmo que eu tenha tentado gostar delas.
      Junto com a saudade você também ganha um potinho de amadurecimento, no meu veio as seguintes coisas: Cada pessoa tem seu tempo, não sabia o que queria fazer aos sete anos e nem aos dezesseis, tenho dezoito agora e ainda assim as coisas ficam confusas às vezes, mas estou tentando cuidar do meu futuro. Por mais que eu não queira, eu vou falhar e não vou poder colocar meu orgulho acima disso só para fingir que não dói, na verdade, dói mais que uma queda literal e como estou começando a viver agora, creio que essa não é nem a metade da dor do simples fato de ser adulta.
      Nem todas as pessoas querem o mesmo que você, por muito tempo você acha que tem que fazer tudo o que seu vizinho faz, porque você não quer ser estranha, você quer ter amigos, você quer ser alguém, mas depois você acaba percebendo que se não se encaixa naquele quebra-cabeça, talvez devesse tentar outro jogo e não ser outra peça, as pessoas que realmente se importam te acolhem e se você é recíproco faz o mesmo, podem não querer coisas iguais, mas não importa onde um vá chegar o outro estará com placas de boas vindas.
      Tudo bem ser egoísta um pouco, passamos tanto tempo nos preocupando se vamos ser chamados de "mimados" ou "egoístas" que aceitamos ser tapetes de "bem -vindo" para qualquer um tirar a lama dos pés, pensar em você um pouco, olhar suas metas, ver seu futuro, não vai te matar, matar ninguém, você deve saber o que quer e abrir mãos de coisas para conseguir isso, mesmo que outras pessoas não entenda, no topo, quando você chegar, você vai saber realmente todo tempo onde era a sua casa.
       Se você não tem ódio dentro de você, esquece o 'mas', sempre temos a mania de dizer que não odiamos alguém, algo ou alguma situação e então colocamos o mas no meio só para disfarçar nossa imprudência com o outro, se você não o odeia como diz, coloque ponto final na sua frase e faça ela valer, mas não use mas para justificar razões que dizem ao contrário.
       No fim, a festa ainda acontece às vezes e eu nunca chego na hora, mas essa é a graça, eu entendo hoje, mesmo que eu nunca chegue, ela continua se repetindo, o que quer dizer que talvez crescer não envolva mudanças tão bruscas, que as luzes vão apagar quando eu quiser.

     

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